terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Pedra Pomes V

As mulheres já brincam com transmontanos

I

Isto foi há vinte e tal anos
Afinal só mudaram as moscas

Com os transmontanos não se brinca
Costumava dizer-se nos tempos em que eu nasci
Isto foi há vinte e tal anos
Afinal, só mudaram as moscas

Por bem davam a camisa do corpo
Por mal era o diabo
O lodo em cima das costas
Um na cadeia e outro no cemitério
Natureza instinto de vingança deus vivo
Um deus de cornos e de testículos que
A gratidão dos fiéis cobre de palmas
De flores de cordões de oiro e de ternura
Um deus a quem dão gemadas e cervejas,
Para que possa inundar as vacas as moças
Os moços de certeza…viril para reagir a todas as cornadas

II

Depois de ler a entrevista de 14 do corrente
(Isto foi instinto de vingança)

A majestade:
A majestade afirmando que recebeu a queixa sobre Sócrates
E que alguns dos ataques que têm surgido contra mim são
Claramente machistas e não teriam acontecido se eu fosse homem

Esta sumidade feminista quadrada como o ecrã
Que a leva a casa do telespectador
Saneou mais cinco outros
Uma dessas vítimas é invisual
E gabou-se de que abriu 778 processos
O que dá uma média de três por dia
Incluindo os Domingos
Por isso foi reconduzida à pressa
Mesmo depois de rebentar a bronca com Charrua
Só que este é transmontano e deu à língua…
Por mal era o diabo
O lodo em cima das costas

Charrua quebrara o dever de lealdade
O professor de Inglês uma dessas vítimas
Um fim de semana lhe assaltaram e
Profanaram a privacidade
Não se contentou ela em remexer a
Secretária que ele ocupava
Em violar o computador pessoal
Em profanar a intimidade
Que qualquer cidadão tem direito a ter
Mesmo no seu posto de trabalho
Se calhar até a notável majestade
Tem no gabinete que ocupa os pensos higiénicos
Os batons e outros cosméticos que a idade aconselha
Talvez o professor saneado pudesse ter por lá preservativos
Lubrificantes e outros
Produtos afrodisíacos e gemadas de cervejas
O professor tem hoje o dever de falar
Da educação sexual e de todas as cornadas

III

O editorial do (…) de 15 do corrente, foi claro
A Ministra ainda não demitiu a majestade
Tornámo-nos realmente num país de
Bananas onde cada vez menos
Fazem frente ao candidato a autocrata
Que manda neste canto da Europa
País onde se dobra a espinha
Se mendigam benesses e gemadas de cervejas
Se calam opiniões se vive acobardado
Se justifica tudo remetendo não
Para a inteligência mas para as conveniências
Sou transmontano e solidário com esta vítima
Que também o é
Sou mais velho do que ele
Um deus de cornos e de testículos que
A gratidão dos fiéis cobre de palmas,
De flores, de cordões de oiro e de ternura

E já não tenho idade nem saúde
Para me envolver em cornadas
De contrário, gostaria de bater-me
Porque já ocupei um cargo equivalente ao dela
Camaradas seus tentaram fazer-me
O que ela acaba de fazer ao Charrua
Sou transmontano
E já não tenho idade
País de bananas

(17/11/07) a partir de texto original de Barroso da Fonte

Comunicado

Este novo poema faz aparecer uma pequena subtileza, tal como tinha referido os poemas são baseados em textos escritos pela fina flor da opinião jornalística transmontana. A partir de hoje, a pesquisa que efectuei permite apresentar os autores, deve-se então estar mais atento não vá aparecer algum grande poeta. Creio que o que vos apresento hoje, é pelo contributo e pela voracidade com que ataca em várias frentes um poeta dionisíaco, a sua temática favorita parece é a defesa uma abandonada musa reumática. Vê-lo-emos por cá mais vezes.
Espero mais para a frente apresentar uma nova temática que irá acompanhar cada poema. Ao jeito da Playboy irei apresentar fotos de beldades do mundo pornográfico, está certo que a Palyboy é mais comedida e escolhe meninas que cometem obscenidades frente ás câmaras mais tarde.
Gostaria com este jeito adoçar estes amargos poemas.
Por último informo os visitantes (ainda raros) que na próxima semana é muito provável que não actualize este insultuoso antro que expõe poetas que se desconhecem a si mesmos.
Espero - por Lúcifer - que isto não se repita mais vezes.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Pedra Pomes IV

Haverá permissão para matar as ratazanas?

Nunca. A vida não se discute nunca.
E a eliminação voluntária de seres humanos em gestação.
Ainda por cima os ratos andam aí,
Pela vontade de alguém inconsciente com a conivência do estado,
Com a anuência de uma sociedade indefesa.

Actos livres para as ratazanas.
Gulosas ratazanas,
Destino fatal que coincide sempre
Com a tendência da lei, lei clandestina.
Como se evitar uma ratazana não desejada?

Virá aí um autêntico capricho homicida
De um rato fanaticamente empenhado,
E uma Europa decadente e envergonhada pelos ratos.
A ratazana é evidente, em termos sociológicos,
Um resultado conseguido com a grande influência
Dos partidos da esquerda, dos meios de comunicação social,
De tudo o que vem de fora, de quem hoje detém o poder e,
Também, de um laicismo totalmente anti democrático,
De um total ateísmo que prolifera nesta Europa.
Aqui, como na grande maioria dos países,
Em que as ratazanas já matam futuros seres humanos,
O que é socialmente aceite, adoptam-se, agora,
Medidas para os eliminar legalmente,
O que parece ser o princípio do fim.
E depois virá o reboque da sua população
Com a contribuição de eventuais sacrifícios
Dos seus progenitores. Vai tudo na frente dos ratos…

Antes os ratos não ratavam e nem podiam.
Apanágio dos nossos grandes antepassados
Com o espírito de sacrifício,
A dádiva por causas não materiais,
A religiosidade, a honorabilidade.
Como evitar uma ratazana não desejada?
Sob a capa sinistra da tolerância democrática.
E as ratazanas sentem tais valores
(paganismo, ateísmo, hedonismo, relativismo,
Indiferentismo, utilitarismo material).

As ratazanas já estão em cima da crise civilizacional,
Deste continuado e tradicional vale de
Profundos atentos radicais.
Haverá permissão para matar ratazanas…
Não sei o que um dia virá….
Serão Ratos ou Homens!?

(5/03/07)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Pedra Pomes III

Poema a partir de um discurso de opinião

Os meses de Agosto e de Setembro
Foram férteis em notícias bombásticas.
Para desgraça da lusa raça.
Só os emigrantes que, desde a década de sessenta,
Nos têm vindo a aliviar,
Com as suas receitas e a sua tradicional paciência
De senhora de Fátima
Para perdoar como bênção divina,
Alegraram este palmo de terra
Que mais parece uma horta de couves
Que não chegam para matar tanta fome.
Enfermiça e galopante caminhada
Para o desespero colectivo
Da nossa moribunda esperança e ancestral credibilidade.

Quase nove séculos.


Épico Portugal - império que chegou
A ter comando do mundo inteiro.
Hoje as armadas podem revelar,
O património de cada país.
Contudo, parecemos um bairro de
Burgueses beatos que brinca com a
Paciência dos submissos labregos,
Como quem atira côdeas de pão a cães enrugados que,
De famintos, já nem têm força para ladrar.
Quase nove séculos: o cancro do futebol.
As cadeias que temos já não chegariam
Para albergar a rapaziada.
De que valeram bandeiras em todas as sacadas,
As manifestações de júbilo pelo 4.º lugar,
Os dez estádios em que se esbanjaram (sem construir prisões)

As poucas barras de ouro que
Ainda restam do Salazar!

Quase nove séculos: Já passou tanta água
Debaixo das pontes da nossa fundação colectiva.
Como o bom senso aconselharia,
Será que a Justiça funciona como uma âncora e
As instituições merecem a credibilidade de
Quase nove séculos de sangria acumulada
E de História eloquente que mostrámos ao mundo e
As poucas barras de ouro que
Ainda restam de Salazar!
Quase nove séculos depois: Soube-se que,
São autuados, diariamente, milhares de cidadãos
Que correm para ganhar o pão que comem ou o pico
Para partirem o pão, deixando impune quem come
Á nossa custa e não usa pico.
Os políticos são implacáveis,
Com a eterna moralidade dos bodes expiatórios,
E com as poucas barras de ouro que
Ainda restam do Salazar.
Quase nove séculos depois: Gastos com estudos
Que quase duplicaram.
Sócrates encomendou estudos, pareceres,
Projectos de consultoria a entidades externas
Á administração pública, no valor de 77,7 milhões,
Contra os 43,6 milhões gastos em 2005.
Muito estuda ele. É sabedor.
Meus leitores,
A quem alguns desses estudos foram encomendados,
Á Fundação do Mário Soares (36 mil euros)
E á do Ministro da Defesa,
Severiano Teixeira (72,5 mil euros).
Compensando camaradas para atenuar logros
De círculos uninominais
– e a infeliz coesão do povo á volta de um algarvio –
Com as poucas barras de ouro que
Ainda restam do Salazar.
Quase nove séculos;
4 mil dirigentes da função pública comendo,
Bebendo, viajando e repousando,
Custam ao estado 9 milhões de contos.
Consta que, naquela semana, o Governo que tirou aos
Funcionários direitos adquiridos,
Alargou esse suplemento mensal
A mais 32 titulares de cargos de comando,
Direcção e chefia da GNR: zelosas e abençoadas barrigas;
E as poucas barras de ouro que
Ainda restam do Salazar.
Quase nove séculos depois: Que bela sociedade,
Onde se aperta o pescoço aos pacientes,
Alargando o colarinho aos gordos e bacorinhos,
Exótica mania de coleccionar quadros de feira;
E as poucas barras de ouro que
Ainda restam do Salazar.

(20/09/06)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Pedra Pomes II

Mote: sensibilizado com a ingenuidade,
oxalá optem por ajudar,
em vez do castigo severo de uma masmorra na torre de windsor

Uma vez, um evadido palerma fugiu para Lisboa. Lisboa?
E o palerma não desviou o olhar, e não perguntou para onde ia a nave.
Tenho pena de ti, fugias; claro para uma grande aventura.
Sem conselho sobre o melhor método de fugir.
Se sabes fugir, escolhe um destino menos primário.
Algum com jeito, para fugir. Lisboa não!
Em cada esquina desta cidade há uma palmada para dar nos putos como tu, um soco para por na linha ânsias, e outras coisas piores… que apanhar bofetada.
Gostava muito de te orientar a escolher outro destino para fugires.
Mas neste momento, não sei se sabes, o mundo cá fora também não anda nada bem e mesmo que queira, não te sei ajudar.
Advirto-te, foge para onde não morras de fome.
Lisboa só tem maresia, cantos genuflectidos e cheiro a escabeche, que não é grande coisa para enganar o estômago de um palerma como tu.
Lisboa engana, é moça. Não te voltes, não desperdices os enganos da juventude com capitais do equívoco, onde o povo se inflama cheio de boa vontade; e isso não enche barriga, e ainda te roubam a merenda de comida de plástico.

(5/08/06) Extra


60 Anos

Isto era da terra e o povo sempre o quis de volta.
A população local que sempre desejou
A volta do seu túmulo, com o retorno do sarcófago,
Com o regresso do túmulo
Nem sabem a alegria que lhes vai na alma.
Recorde-se que a saída do túmulo
Nos anos cinquenta para a matança do porco,
Numa quinta de Constantim, motivou rancor,
Sendo, depois, levado para
A Quinta da Chamusca, em S. João do Estoril.
Foi doado ao Jardim Zoológico de Lisboa.
Porém, um tratador de animais, pouco escrupuloso,
Não salgou lá dentro os rinocerontes brancos,
Assim eles coçaram lá os cornos. Os seus donos,
Ao saberem disso, retiraram o sarcófago do Jardim Zoológico.
A população local sempre desejou a volta do seu túmulo.
Um espaço ao lado da Igreja foi o local onde ficou colocado
O sarcófago que continuará a pertencer aos seus donos,
Embora com a promessa destes
Que nunca será pedido, de volta.

(12/08/06)

Pedra Pomes [Aviso]

Como existem muitos curiosos e principiantes nestas aventuras, decidi - e porque é início do ano - acrescentar à mensagem semanal, a partir de hoje com o nome de pedra pomes, um presente.
Espero que a dose dupla vos agrade.

BEM VINDO